Entrou
em operação na quarta-feira, em Porto Ferreira, a segunda microgeradora residencial
de energia elétrica a partir da luz solar (fotovoltaica). Utiliza sete placas
para captar a luz do Sol e tem capacidade para gerar 2,24 KWp. Outra
microgeradora, pioneira no setor empresarial, com 158 placas e capacidade para
gerar 50,0 KWp, entrará em operação nos próximos dias, assim que a Elektro
liberar a geração distribuÃda, isto é, o lançamento em sua rede do excedente da
produção particular, que se transforma em crédito para quem gera e pode ser
abatido na conta de outra unidade empresarial/residencial com o mesmo CNPJ ou
CPF.
Nos
dois casos, o aproveitamento da luz do Sol vai proporcionar economia em torno
de 95% na conta mensal de energia elétrica, com retorno do investimento em 6,8
anos, no projeto da geradora residencial, de pequeno porte, e em cinco anos no projeto
da microgeradora empresarial. Graças a moderna tecnologia, em ambos os sistemas
o funcionamento poderá ser monitorado a distância pela instaladora e pelo dono
da microgeradora, via celular.
Economia - A microgeradora residencial
em operação está instalada na casa de Kleber Luiz Belli, no Jardim Primavera.
Custou em torno de R$ 20 mil, vai se pagar pela economia mensal e em 25 anos
vai proporcionar ganhos de R$ 191,8 mil. A microgeradora empresarial está
instalada na loja da Cerâmica Ana Paula, na Avenida do Comércio, e vai
beneficiar também a loja da Cerâmica Giulia, do mesmo grupo empresarial. Neste caso,
as cifras são maiores: o projeto custou R$ 221 mil, investimento com retorno
previsto para cinco anos e ganhos de R$ 3.098,913,00 em 25 anos. Vale lembrar
que os sistemas têm vida útil de 25 a 30 anos, mas podem durar além desse
tempo. Os projetos de instalação dos sistemas residencial e empresarial podem
ser financiados por linhas de crédito especÃficas e estimuladoras para a adoção
da energia fotovoltaica.
"à a realização de antigo sonho, até há pouco
tempo inviável devido ao alto custo", diz Belli, gerente do Posto de
Atendimento da Cooperativa de Crédito Crediguaçu, em Porto Ferreira. O projeto
de Kleber Belli de preservação do meio ambiente e segurança não para na energia
solar: ele já deu inÃcio à s providências para implementar no quintal de casa um
sistema subterrâneo para captação e armazenamento das águas de chuvas para uso
externo (jardim, lavagem de carro e áreas calçadas) e até uso doméstico, em eventuais
emergências.
Wagner
Valdo, proprietário do grupo Cerâmica Ana Paula, uma loja na Avenida do
Comércio, outra na praça Paschoal Salzano e a terceira (Giulia) no bairro Santa
Maria, adotou a energia solar fotovoltaica por razões administrativas e socioambientais.
Ao instalar ar condicionado na loja da Avenida do Comércio, um ambiente com 1000m²,
fez investimento alto, proporcionou mais conforto aos empregados e conquistou a
satisfação dos clientes. Mas esse pioneirismo naquela área comercial elevou a
conta de energia elétrica, que agora será abatida com outra ação pioneira no
setor empresarial de Porto Ferreira - o uso da energia solar fotovoltaica. "Além
de um esforço de gestão, esta iniciativa se alinha aos conceitos de preservação
do meio ambiente e de sustentabilidade. A energia que deixo de usar poupa água na
hidrelétrica e pode beneficiar outra empresa, principalmente quando se observa
a diminuição acentuada do volume de nossos rios", afirma o empresário Wagner
Valdo.
Geração é livre - Como define resolução
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desde 17 de abril de 2012 o
consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de
fontes renováveis (como é a solar) e fornecer o excedente para a rede de
distribuição - a rede da Elektro, no caso de Porto Ferreira. Trata-se da micro e
minigeração distribuÃda de energia elétrica, inovações que aliam economia
financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade. Na geração
distribuÃda, quando a quantidade de energia lançada na rede for superior ao
consumo de quem gera, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados
para diminuir a fatura dos meses seguintes, por prazo de até 60 meses.
Apesar
dessa abertura, a cidade de Porto Ferreira, que até pouco tempo não tinha uma
única empresa atuante na geração de energia elétrica fotovoltaica, agora tem
três, o que mostra a evolução desse segmento, como assinala Renato Maestrello,
técnico eletroeletrônico e diretor da Cergon Automação Industrial, empresa que
instalou os sistemas na residência de Kleber e na Cerâmica Ana Paula. No
momento, a Cergon trabalha na finalização de outro projeto de grande porte, em
cidade próxima, que exigirá investimento da ordem de R$ 3 milhões.
Evolução - Com 30 anos no mercado,
até o inÃcio deste ano a Cergon atuava apenas na instalação, revisão e
manutenção de painéis elétricos e de automação industrial (controle de
processos). Em energia solar, a Cergon atua em parceria integrativa com a WEG equipamentos elétricos, empresa brasileira de atuação internacional, com forte posição no setor. Outro avanço da
Cergon, representante autorizada dos motores Weg: em poucos dias, transfere sua
sede da rua José Teixeira Vilela Pai, 1168, para a rua Urbano Romano Meireles,
696, ampliando as instalações de seu laboratório técnico-industrial de 100m²
para 300 m², a fim de poder atender a crescente demanda pelos serviços
prestados à indústria e agora ampliados com a atuação no segmento de energia
solar fotovoltaica.
Para
Maestrello, a evolução do segmento de energia fotovoltaica é bem mais ampla que
o crescimento das empresas do setor. De fato, como confirma o presidente da
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, "a geração de energia solar fotovoltaica registrou uma importante redução de
preços, nos últimos anos, porque esse tipo de tecnologia se tornou 80% mais
barata".
Para
Sauaia, "em algumas regiões brasileiras é mais barato gerar a própria energia
com painéis solares no telhado do que comprar a energia da rede de
distribuição". E vai mais longe: "Investir em energia
solar fotovoltaica não é mais uma decisão puramente ambiental ou de consciência
da sustentabilidade, mas acima de tudo, o principal motivo que faz as pessoas
investirem nesta tecnologia é economia no bolso e competitividade para as
empresas", ressaltou Rodrigo Sauaia, há poucos dias, em entrevista para a
Agência Brasil.
Números - Os
números sinalizam que Porto Ferreira dá os primeiros passos no uso da energia
solar fotovoltaica. TÃnhamos, até agora, apenas uma geradora de energia
residencial; desde esta semana, temos duas. Nos próximos dias, entra em
operação a microgeradora da Cerâmica Ana Paula, a primeira no setor empresarial.
Mas estamos atrasados, quando se compara o número de usuários de energia solar em
Porto Ferreira com outras cidades do Vale do Mogi Guaçu. Na área de
distribuição da Elektro existem atualmente 450 usinas solares com geração
distribuÃda, totalizando potência de 1.961,83 KW. Desse total, Mogi Mirim tem
49 microgeradoras residenciais e 4 comerciais/industriais; Mogi Guaçu, 11
residenciais e 2 industriais; Conchal, 1 residencial; Santa Rita do Passa
Quatro, 1 residencial e 1 comercial; Araras, 5 residenciais e 2 industriais;
Leme, 7 residenciais e 1 comercial; e Pirassununga, 6 residenciais e 1
comercial, conforme registro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).